terça-feira, 29 de novembro de 2016

Quer usar o método HIIT para emagrecer? Então faça MUSCULAÇÃO!


Está super em alta o método HIIT (High-intensity interval training ou treinamento intervalado de alta intensidade) para emagrecimento. Ok, isso todo mundo sabe. Que esse método é ótimo para esse objetivo todo mundo também já sabe. Somado aos resultados práticos a ciência do esporte também corrobora com isto, caso queira saber mais neste link foi postado um estudo de revisão sistemática publicado na revista brasileira de obesidade, nutrição e emagrecimento sobre os efeitos do HIIT no organismo. Mas afinal qual a relação do HIIT com a musculação? A resposta é simples: toda estrutura da musculação é em HIIT. Vamos analisar o protocolo Tabata, este é o protocolo mais famoso do método,  para iniciantes em dois exercícios diferentes: corrida e supino reto. No referido protocolo a cadência é de 15 segundos de intensidade máxima seguido de 1 minutos de descanso. Agora vamos aplicar isso nos exercícios propostos: Corrida: Sprint em velocidade máxima durante 15 segundos seguidos por 1 minuto de descanso. Supino Reto: 5 a 8 repetições máximas, essa faixa de repetição em cadência normal terá em torno de 15 segundos de execução, seguidas de 1 minuto de descanso.Notou como ambos seguem a mesma filosofia de treino, ou seja, estímulo máximo em curto período de tempo seguido de um tempo de recuperação. A diferença é que o estímulo no primeiro caso é determinado pela velocidade de sprint e no segundo quem determina é a quantidade de carga colocada no exercício. Nesta fase inicial o protocolo é realizado completamente em 14 minutos, são 11 ciclos de intensidade alta seguido de recuperação. Se fossemos fazer um paralelo com a musculação os 11 ciclos são 11 séries.

Algumas observações extras: No caso da musculação a fadiga local com esse protocolo é TÃO INTENSO que é bem provável que não consiga fazer mais de duas séries seguidas por grupamento muscular. A fadiga local é bem maior que a fadiga cardiorrespiratória, de forma simples: o músculo trava antes da falta de fôlego. O que isso significa de forma prática? Se for aplicar estas intensidades na musculação procure fazer um treino em circuito para que a fadiga local não seja superior a fadiga cardiorrespiratória. Com os treinos cíclicos (corrida, ciclismo, movimentos no elíptico) geralmente a fadiga local das pernas não é maior que o exigência cardiorrespiratória, de forma simples: o exercício é interrompido não porque o músculo trava mas porque falta fôlego.

A questão do tempo gasto no treino: Se é possível alcançar um resultado tão expressivo de emagrecimento com apenas 11 ciclos de intensidade alta seguida de recuperação totalizando 14 minutos por que para fazer as mesmas 11 séries na musculação leva-se muito mais tempo? A resposta é que gasta-se muito tempo na musculação sem estar efetivamente treinando ou se recuperando. Gasta-se muito tempo com a logística dos exercícios. Pense comigo: quanto tempo gasta-se para colocar e depois retirar os pesos de exercícios como Leg Press 45º ? Ou mesmo no supino? Quanto tempo leva-se para buscar um par de halteres e depois guarda-lo? Todo esse tempo não é intenso suficiente para ser significativo, assim como ele ultrapassa o tempo de descanso proposto no protocolo. Entretanto o HIIT realizado em equipamentos ciclicos irá apenas te proporcionar perda de gordura e emagrecimento enquanto a musculação esculpirá seu corpo. Como tudo na vida as duas opções possuem prós e contras. Decida o melhor para você!

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Personal Trainer Diego Gaspar

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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Q48? Por favor NÃO cai nessa!


ANTES DE TUDO: o texto a seguir não é uma crítica apenas para o "Q48", ela é direcionada para TODO método, produto etc que não se sustente fisiologogicamente, cientificamente, anatomicamente! O "Q48" foi usado como objeto de estudo apenas por ser o método mais comentado nas redes sociais. Eu poderia usar aulas de zumba por exemplo. Mas vamos ao que realmente importa: por que você deveria fugir de qualquer uma destas "fórmulas milagrosas"

Hoje (22/11/2016) em um "conceituado" programa de televisão foi apresentado um "milagroso" sistema de emagrecimento. Eu já conhecia essa "poderosa fórmula", mas havia preferido me manter em silêncio sobre isso. Entretanto com a repercussão da matéria, e pelas consecutivamente perguntas que ouvi resolvi me pronunciar. Então chega de papo e vamos começar...

Existe um método intitulado "Q48" que promete uma perda de gordura corporal e peso corporal bem significativa com "incríveis" 4 minutos, isso mesmo QUATRO minutos, de atividade física de "alta intensidade". Só que para tristeza de muitos só existe uma maneira disto funcionar: a dieta precisa ser ABSURDAMENTE restritiva! Afirmo sem medo de errar que com uma dieta tão restritiva é totalmente possível conseguir perder o mesmo peso sem o tal protocolo milagroso.

Vamos deixar um pouco a ciência de lado e vamos usar o BOM SENSO. Responda para você mesmo: quantas pessoas você conhece que treinam de forma intensa na academia durante 45 até 60 minutos e não conquistam os resultados prometidos por esse método? Provavelmente quase todas! Então por que acreditar que esse método funciona? Só porque apareceu na televisão? Só porque você viu famosos dando "depoimentos" que tiveram resultados? Por favor, não seja ingênuo!

Agora vamos para a ciência, o empirismo é importante mas a ciência não pode faltar. 

O método de treino não é intenso: 

No referido método o termo de ouro usado é: treino de alta intensidade para queima pós exercício, é quase um mantra. Treinos de alta intensidade realmente possuem essa característica, PORÉM o protocolo em questão NÃO chega nem perto de ser algo de alta intensidade. Treino de alta intensidade nada mais é que um treino de FADIGA máxima, é um treino onde a via metabólica anaeróbia predomina! Em NENHUM dos vídeos que eu vi no youtube, e muito menos no vídeo apresentado na televisão, isso foi sequer mencionado. Ou seja, não se busca essa fadiga máxima. Aliás no vídeo apresentado na televisão ao final do treino as participantes acabam rindo, batendo palma, sem derramar uma gota de suor! Imagina que intensidade bruta, hahahah.. Tragicômico! 

Obs: se você quiser entender de uma forma mais clara o que são essas horas de queima pós exercício, de forma científica eu escrevi três textos sobre isso. Clique aqui e leia. Preste bem a atenção nos protocolos usados nos artigos.   

A escolha dos exercícios não está de acordo com o objetivo:

Neste método a escolha dos exercícios (burpee, montanha alpinista, corrida parada) não são por essência exercícios de alta intensidade, são exercícios aeróbios gerais. NINGUÉM interrompe o montanha alpinista porque a perna travou de fadiga muscular, interrompe sim porque faltou fôlego, isso significa que ela chegou em uma fadiga aeróbia e não anaeróbia. Em resumo: esses exercícios não são propostos para buscar a fadiga muscular máxima, não alcançam a via metabólica anaeróbia e consecutivamente não são bons para a almejada alta intensidade e com isso a queima de várias horas pós exercício é bem pouco significativa.

A progressão do treinamento não é compatível com seu objetivo:

Tratando-se de progressão de treinamento de alta intensidade a maneira correta de se fazer é aumentando a carga do exercício ou diminuindo o intervalo entre as séries e exercícios, mas preferencialmente deve-se aumentar a carga. Contrariando as leis da fisiologia do exercício no método em questão a progressão proposta é o aumento do tempo de treino - de 4 minutos para 15 minutos- ou seja, AUMENTO DO VOLUME E NÃO DA INTENSIDADE!!!!!!! 
Você percebe que dentro do próprio desenvolvimento do treinamento o método escolhido é o oposto do anunciado?

Considerações finais:

1- Você pode fazer os exercícios propostos e suar, sentir um pouco de falta de ar, etc mas isso NÃO significa que o treino foi de alta intensidade.
2- Pergunte para profissionais sérios que você conheça o que eles acham sobre isso. Pergunte também para pessoas que treinam de forma intensa a um certo tempo. Tenho certeza que a maioria vai afirmar que é marketing puro.
3- O Colégio Americano de Medicina do Esporte, uma das instituições de maior autoridade em estudos relacionados a prática esportiva e saúde apresentou um documento com os protocolos de treinamento para perda de peso, nele é sugerido de 150 a 250 minutos semanais de treino para perdas modestas de peso e para perdas significativas é indicado mais de 250 minutos semanais. 
4- Escute este audio com pouco menos de quatro minutos do bem conceituado Marcio Attala (personal trainer do medida certa) sobre esse método.
5- Não é porque está na mídia, seja internet ou televisão, que é verídico. O caso Bel Pesce manda lembranças, hahahah

Desafio final:

Se você for defender o protocolo refute os argumentos anteriores (através da ciência e não de depoimentos). Será
 "simples", comece respondendo:

Como aumentar a intensidade anaeróbia se não existe incremento de carga?
Como aumentar a carga nos exercícios citados no vídeo?
Se a busca é por alta intensidade por que aumentar o volume e não a intensidade?

Se conseguir, cientificamente, responder eu GARANTO que faço um vídeo me retratando e faço propaganda para TODOS os meus alunos!

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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Mitos da Musculação (parte 2)



Postei mais um vídeo sobre os mitos da musculação, você pode assistir aqui.
Continuando a série abordarei três tópicos neste texto:

1- Exercícios "queimam" a gordura na região onde está sendo trabalhado
2- Centenas de repetições de abdominal para "talhar" o abdômen
3- O método drop-set serve para emagrecer.

Obs: Caso você não tenha lido o primeiro texto clique aqui.

Exercícios "queimam" a gordura na região onde está sendo trabalhado

Esse é um dos maiores mitos que já conheci. E simplesmente NÃO existe base sólida para isso. 
Nosso corpo é uma incrível máquina de adaptação, isso é visto na prática se analisarmos que, basicamente, o ser humano que vive em regiões de extremo calor, como desertos, é o mesmo ser humano que vivem em extremo frio, por exemplo nos polos. Essa incrível habilidade permite que consigamos manter a vida sobre as mais diversas formas de exigências externas, essa regra também se aplica ao emagrecimento. Pouco importa para nosso organismo de onde ele recrutará a gordura para manter a vida. Nosso corpo NÃO pensa em estética, ele simplesmente quer manter a vida. A maior concentração de gordura em certas regiões e dificuldades de perda nestas regiões está ligada fortemente a questões de PREFERÊNCIAS do organismo. Diversos estudos comprovam isso, vou trazer 2 aqui:

O pesquisador Kostek e sua equipe aplicaram nos pacientes o exercício de extensão de tríceps apenas em um dos braços por doze semanas. Foram feitas avaliações de dobras cutâneas e ressonância magnética antes e depois dos treinos em diversas regiões do corpo. O resultado após as doze semanas foi de que a gordura diminuiu em DIVERSAS regiões do corpo.
Da mesma forma o pesquisador chileno Ramirez-Campillo testou durante 12 semanas o leg press unilateralmente. Nessa pesquisa também foi usada a ressonância magnética para avaliar os resultados, entretanto nesta pesquisa os níveis de massa corporal, massa óssea, massa magra, massa gorda, percentual de gordura também foram avaliados. O resultado apresentado foi de perda de gordura generalizada, porém MAIS perda na perna não treinada. 

Finalizando este tópico com um depoimento de um dos maiores atletas brasileiro: Eduardo Correa. Segundo ele, um fisiculturista que ele começou a treinar relatou que NUNCA havia conseguido chegar a definição extrema das pernas em nenhuma das preparações anteriores. Então Eduardo Correa aumentou o tempo de preparação comparada as preparações anteriores. Desta forma a definição de pernas chegou a um nível jamais alcançada. O que esse caso prático nos ensina? Cada corpo tem mais dificuldade em uma região em relação a outra, mas a definição desta região é possível!

Centenas de repetições de abdominal para "talhar" o abdômen

Esse também é um dos mitos que, com certeza, você já ouviu. As mesmas considerações sobre o mito passado servem para este. Uma dica básica: o abdômen é um músculo IGUAL aos outros e por isso deve ser trabalhado da mesma forma.
Apenas a título de "curiosidade" existe um estudo de Vispute em que vinte e quatro pessoas foram acompanhadas durante seis semanas de treinos de abdominais. Com o intuito de gerenciar as possíveis mudanças na gordura de tronco e abdômen foi utilizado ressonância magnética. A CONCLUSÃO foi que não houve mudança na gordura destas regiões. 

O método drop-set serve para emagrecer.

Mais uma falácia em relação ao emagrecimento. O método drop-set serve para emagrecer, assim como serve para hipertrofiar e ganhar força. Você deve estar pensando: "O Diego é louco, como que o mesmo método serve para objetivos tão distintos!". A resposta é simples: esse método serve para colocar mais intensidade nos treinos, nada além disto. Agora aonde esta intensidade te levará dependerá da sua dieta.

Vou usar as palavras exatas de Jim Stoppani quando escreve, em seu livro "Enciclopédia de musculação e força", sobre treinos de emagrecimento:

"Treinos para emagrecimento não diferem em muito de treinos para ganho de força ou hipertrofia. De fato, vários programas desta seção (seção sobre perda máxima de gordura) trazem resultados simultâneos de perda de gordura, hipertrofia. O que realmente difere no resultado é a inclusão (e não substituição) de treinos cardiorrespiratórios e a regulagem da dieta"

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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Planejamento e performance: como isso funciona na musculação? (parte 3)



Parte 3: Periodização não linear 

Continuando o assunto sobre periodização (link para o primeiro texto) (link para o segundo texto), neste texto abordarei a periodização não linear também conhecida como ondulatória.

Histórico da periodização não linear ou ondulatória:

Esta periodização foi criada no EUA e Canadá, com seus primeiros relatos do fim da década de 80 pelo pesquisador Poliquin (Canadá), entretanto os dois maiores autores sobre o assunto são William J. Kraemer e Steven J. Fleck, ambos dos EUA.

Como ela funciona?

Diferentemente da periodização linear em que o objetivo individual de cada treino permanece o mesmo em todo transcorrer do micro e mesociclo, na periodização não linear a mudança do objetivo individual de cada treino varia durante todo o transcorrer do micro e mesociclo. De forma prática: enquanto na periodização linear o número de repetição permanece igual em todos os treinos de um determinado período na periodização não linear a cada treino o número de repetição é mudado.

Mas você pode se perguntar: Se todo treino o objetivo individual do treino muda como o objetivo final (que é a soma dos treinos individuais) pode ser alcançado? 
A resposta é: Apesar da variação durante todo o mesociclo o número de treinos compatíveis ao objetivo final é mais repetido que os outros. 
Exemplificando através de exemplos reais tirado do livro " Otimizando o treinamento de força":




    
Note que no mesociclo de força os treinos de alta intensidade e muito alta intensidade(típicos treinos de força), se repetem mais que os outros (18 vezes). Já no mesociclo de hipertrofia os treinos de média intensidade (típicos para esse objetivo) se repetem mais que todos os outros (14 vezes).  

Continuando a análise da primeira imagem podemos perceber que com o transcorrer das semanas a cada treino o objetivo individual de cada treino muda. Vamos detalhar um pouco:

1º semana 1º treino : A (alta intensidade)

Essa sessão o foco primário é força e o secundário hipertrofia

1º semana 2º treino: L (intensidade leve)

Essa sessão o foco primário é resistência muscular localizada e o secundário hipertrofia. Entretanto uma outra importante função deste treino é a recuperação do organismo sem perda de performance.

1º semana 3º treino: MA (muito intenso)

Essa sessão o foco é exclusivamente força pura. 

Obs: Eu afirmei, em outra postagem, que nenhum treino alcança apenas um RESULTADO (link da postagem). Continuo afirmando isto, porém neste caso o OBJETIVO é ganho de força pura! Se esse treinou trouxer hipertrofia isso é apenas um resultado não controlável do treino.

Creio que ficou clara a diferença entre as duas formas de periodização.

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